Li que existem cerca de 2000 jacarandás em Lisboa. São árvores peculiares cujas flores só se atrevem a mostrar-se aos primeiros calores de Maio (capricho de imigrante do sul), exibindo-se, depois, de forma ostentosa e impúdica, durante todo o mês de Junho, dominando, com a sua cor característica e intensa, as ruas, avenidas e parques de Lisboa.
(Foto: daqui)

São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às núvens altas - irmão dos pássaros,
perder-me no ar
(Eugénio de Andrade)
(foto daqui)
Despedida
Junho chegou ao fim, a magoada
Luz dos jacarandás, que me pousava
Nos ombros, era agora o que tinha
Para repartir contigo
Um coração desmantelado
Que só aos gatos servirá de abrigo
(Eugénio de Andrade)
2 comentários:
São lindos os jacarandás, mas como não há bela sem senão dão cabo da pintura dos nossos carrinhos quando estacionamos debaixo deles.
(já sei, sou muito prosaico)
J.
Claro que todAs sabemos que, para para a generalidade dos homens não há beleza que se sobreponha a um artefacto com 4 rodas, movido a motor de combustão interna e com pintura metalizada reluzente.
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