domingo, 2 de março de 2008

Sessão dupla: o climax e o anti-climax

#1 - O climax

Finalmente lá estreou - nas salas - o tão aguardado No Country For Old Men. E digo nas salas porque, com esta... política?!... de distribuição de filmes em Portugal, aposto que já tinha estreado nas casas da grande parte dos portugueses, graças à distribuidora tipo Robin Hood conhecida por "Amazule" ;D


Este País Não É Para Velhos

Título original: No Country for Old Men
De: Ethan e Joel Coen
Com: Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Josh Brolin, Kelly Macdonald
Género: Dra, Thr
EUA, 2007, Cores, 123 min.









9/10






"The good old times" versus "Terminator of flesh and bone"

Este thriller poderoso, que tem por paisagem de fundo um cenário western, evoca a subversão da ética e dos valores dos tempos de "antigamente", confrontando-nos com a desumanização crescente, a ambição transformada em cobiça e ganância, a banalização da violência como meio natural para atingir os fins e, como contraponto, o desajustamento dos que mantêm em si a herança dos "bons velhos tempos".

Javier Bardem encarna Anton Chigurn, um arquétipo psicopatológico da sociedade americana do final do século XX: implacável na sua "ética" própria, desumanizada e aberrante. Llewelyn Moss (Josh Brolin), é o homem que, tentado pelo dinheiro fácil, se interpõe entre Chigurn e o seu objectivo. Um evento fruto do acaso (este, tal como a ganância e a cobiça, um motor constante nas obras dos Coen), que desencadeia uma perseguição feroz, mas de uma metodicidade e frieza arrepiantes. Chigurn, com a sua figura austera, quase esfíngica, é a versão humana, mas desumanizada e não menos implacável, de um Exterminador.

Como contrapontos temos as personagens de Carla Jean Moss e de Ed Tom Bell. A primeira, símbolo de uma limpidez e genuinidade remanescentes, que o excelente desempenho de Kelly Macdonald faz sentir como totalmente deslocadas da realidade em que a personagem existe. O segundo, um velho xerife impotente no seu desajustamento para lidar com uma "nova ordem" que percepciona, mas que não compreende e não consegue controlar. Mais uma talentosa demonstração de underacting, por parte de Tommy Lee Jones.

O trabalho de fotografia é magnífico, na forma como capta o desolamento e a aspereza das paisagens, em consonância com o desencantamento, o desamparo, a aridez ou a impiedade das almas dos personagens. Destaque para a "banda sonora" cuja ausência acentua a crueza das imagens e dos diálogos.

Como resultado final, a tensão, a incomodidade e até um certo mal estar físico vão-se apoderando do espectador, num crescendo subtil, cujo clímax é despoletado pelo surgimento abrupto, silencioso e cruel dos créditos finais. Aqui não há lugar para qualquer redenção.


"I was sheriff of this county when I was 25 years old. Hard to believe. My grandfather was a law man, father too. (...) Some of the old time sheriffs never even wore a gun. A lotta folks find that hard to believe. Jim Scarborough'd never carry one (...) Gaston Borkins wouldn't wear one up in Camanche County. I always liked to hear about the oldtimers."


"- Just how dangerous is he?
- Compared to what? The bubonic plague?"





#2: O anti-climax

Diário De Uma Nanny

Título original: Nanny Diaries
De: Shari Springer Berman, Robert Pulcini
Com: Scarlett Johansson, Donna Murphy, John Henry Cox, Alicia Keys
Género: Com, Rom
EUA, 2007, Cores, 105 min.







1/10




Pois que dizer? Acho que já ouvia esta história quando ainda andava na barriga da minha mãe. Não me lembro exactamente do nome mas havia sempre uma princesa, um prícipe, alguma bruxa má e acessórios diversos. A piada (se chega a existir) rapidamente se esgota, tudo são lugares comuns, a previsibilidade total. Os 105 minutos parecem 3 horas.
Definivamente a evitar.
Ah... O pontinho é pela prestação da Laura Linney.


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