Roy Batty: We're not computers, Sebastian, we're physical.
1982... 1992... 2007.
Blade Runner, neste caso a versão final... neste caso, no grande ecrã. E no grande ecrã, o filme adquire (ainda mais) aquela dimensão que relega para um plano quase invisível a ténue fronteira que separa o que, quase compulsivamente, necessitamos de compartimentar em campos antagónicos e inconciliáveis. São-nos retirados os argumentos para discriminar o que decidimos ser diferente, mas cujas similitudes vislumbradas nos fazem desejar tornar em algo tão infinitamente mais diferente que não nos possa tocar.
Roy Batty: I've seen things you people wouldn't believe. Attack ships on fire off the shoulder of Orion. I watched C-beams glitter in the dark near the Tannhauser gate. All those moments will be lost in time, like tears in rain. Time to die.
Ao integrar de forma exemplar todas as dualidades inerentes ao ser emocional, Blade Runner obriga-nos a uma profunda reflexão sobre o significado e os valores da vida e a fragilidade da existência. Na multiplicidade dos conflitos duais, o velho e derradeiro duelo não é o que separa o "eu" do "tu", ou o "bem" do "mal". Aqui o duelo definitivo é o que se trava pela vida, enquanto dádiva e experiência emocional suprema. Na morte, tudo se perde como as lágrimas que são derramadas sob a chuva. E é nesse duelo, em que a vida e a morte se confrontam, que o "eu" e o "tu" se surpreendem mutuamente, integrando-se numa dimensão única de frágil mas suprema humanidade.
Deckard: I don't know why he saved my life. Maybe in those last moments he loved life more than he ever had before. Not just his life, anybody's life, my life. All he'd wanted were the same answers the rest of us want. Where did I come from? Where am I going? How long have I got? All I could do was sit there and watch him die. (Blade Runner, 1982)
Sublime, profético, intemporal.
Uma visão apocalíptica do futuro que, paradoxalmente, encerra uma das mais tocantes exaltações da vida. E do cinema.
Blade Runner: What Does It Mean to Be Human?