quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Não há injectável?


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Adeus...


“It's sad when someone you know
becomes someone you knew.”



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Rain and tears

Da banda sonora de "Três Tempos" (ver post anterior).
É caso para dizer: há séculos que não ouvia isto!



Dois filmes de Hou Hsiao Hsien...

... "ou mais vale tarde que nunca".
Texto de Eurico de Barros, in Diário de Notícias 13 de Fevereiro 2008.
LER.

Hou Hsiao Hsien era, até este fim de semana, um realizador do qual só conhecia o nome.
Digamos que, para apreciar o cinema deste autor, é necessário ir com uma certa predisposição e algum conhecimento do que nos espera.



Três Tempos
Título original: Zui Hao De Shi Guang
De: Hou Hsiao-Hsien
Com: Qi Shu, Chen Chang, Fang Mei
FRA/Taiwan, 2005,
Cores, 139 min.




"Três Tempos" é um tríptico que evoca a natureza das relações humanas em três épocas distintas dispersas pelo período de quase um século. Apesar da contenção e do minimalismo, os detalhes conferem-lhe uma dimensão emocional de grande envolvência.

8/10.





O Voo do Balão Vermelho
Título original: Le Voyage du Ballon Rouge
De: Hou Hsiao-Hsien
Com: Juliette Binoche, Simon Iteanu, Fang Song FRA, 2007,
Cores, 113 min.







"O Voo do Balão Vermelho"
é sobretudo um exercício sensorial de captação de espaços, momentos e pessoas, através dos olhos de outrém. O minimalismo extremo do argumento e o maior afastamento do convencional, recomendam que, para uma melhor "preparação" do espectador, seja visionado depois de Três Tempos. Exige do espectador a capacidade para deixar à porta a sua componente mais cerebral e a disponibilidade para se deixar dominar pelo apenas "aqui e agora", exercício que pode afigurar-se difícil.

6/10.




Oscares 2008... o dia seguinte


Não sei se é da idade, mas cada ano que passa mais me questiono porquê insistir em ter estas segundas feiras ressacadas por ficar madrugada adentro a ver sempre mais do mesmo. Sem grande afastamento do previsível, o que não sei se é mau ou bom, já que, da última vez que nos brindaram com um imprevisto, esse imprevisto dava pelo nome de Crash...
adiante, que eu não gosto de recordações desagradáveis.

Lista dos premiados aqui.

No dia de hoje, qualquer passeio pelo espaço virtual implica dar de caras com a noite de ontem. E, a propósito, encontrei em Noite Americana esta opinião curiosa sobre de Daniel Day-Lewis, publicada ainda antes da cerimónia de ontem, e que, não obstante o tom hiperbólico, descreve com bastante realismo a desigualdade de um dos "confrontos" de ontem:

In dubio pro Day-Lewis
Amen.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Óscares 2008 - antevisão

Aqui ficam as minhas preferências (e prognósticos), para as categorias em que me sinto minimamente à vontade para opinar ou "palpitar" qualquer coisa:

Melhor Filme
There Will Be Blood
(No Country For Old Men)

Melhor Realizador
Paul Thomas Anderson
(Joel e Ethan Coen)

Melhor Actor
Daniel Day-Lewis
(Daniel Day-Lewis)

Melhor Actriz
Ellen Page
(Ellen Page)

Melhor Actor secundário
Javier Bardem
(Javier Bardem)

Melhor Actriz secundária
Tilda Swinton
(Tilda Swinton)

Melhor filme estrangeiro
não vi nenhum.
Às cegas aposto em: The Counterfeiters.

Melhor filme de animação
Ratatouille
(Ratatouille )

Melhor Argumento Original
Juno
(Michael Clayton)

Melhor Argumento Adaptado
There Will Be Blood
(No Country For Old Men)

Melhor Fotografia
There Will Be Blood
(The assassination of Jesse James...)

Melhor Direcção Artística
Sweeney Todd
(There Will Be Blood)

Melhor canção original
"That's how you know" - "Enchanted"
("Falling Slowly" - Once" )

Melhor banda sonora
a minha preferida não é elegível (There Will Be Blood) e recuso-me a escolher outra,
deixo apenas o prognóstico (Atonement)

Melhor Guarda-roupa
Sweeney Todd
(Elizabeth: The Golden Age)

Melhor montagem
The Bourne Ultimatum
(The Bourne Ultimatum )

Melhores efeitos visuais
Transformers
(Transformers)

Melhor caracterização
Pirates of the Caribbean: At World's End
(La Vie en Rose)

Melhor som
The Bourne Ultimatum
(Transformers)

Melhores efeitos sonoros
The Bourne Ultimatum
(Transformers)

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A ciência do palavrão


Por que diabos “merda” é palavrão? Aliás, por que a palavra “diabos”, indizível décadas atrás, deixou de ser um? Outra: você já deve ter tropeçado numa pedra e, para revidar, xingou-a de algo como “filha-da -puta”, mesmo sabendo que a dita nem mãe tem.

Pois é: há mais mistérios no universo dos palavrões do que o senso comum imagina. Mas a ciência ajuda a desvendá-los. Pesquisas recentes mostram que as palavras sujas nascem em um mundo à parte dentro do cérebro. Enquanto a linguagem comum e o pensamento consciente ficam a cargo da parte mais sofisticada da massa cinzenta, o neocórtex, os palavrões “moram” nos porões da cabeça. Mais exatamente no sistema límbico.

(...)

Mas o sistema límbico é burro. Burro e sincero. Justamente por não pensar, quando essa parte animal do cérebro “fala”, ela consegue traduzir certas emoções com uma intensidade inigualável.

Os palavrões, por esse ponto de vista, são poesia no sentido mais profundo da palavra. Duvida? Então pense em uma palavra forte. “Paixão”, por exemplo. Ela tem substância, sim, mas está longe de transmitir toda a carga emocional da paixão propriamente dita. Mas com um grande e gordo “puta que o pariu” a história é outra. Ele vai direto ao ponto, transmite a emoção do sistema límbico de quem fala direto para o de quem ouve. Por isso mesmo, alguns pesquisadores consideram o palavrão até mais sofisticado que a linguagem comum. (>LER ARTIGO)



Fucking became the subject of congressional debate in 2003, after NBC broadcast the Golden Globe Awards. Bono, lead singer of the mega-band U2, was accepting a prize on behalf of the group and in his euphoria exclaimed, "This is really, really, fucking brilliant" on the air. The Federal Communications Commission (FCC), which is charged with monitoring the nation's airwaves for indecency, decided somewhat surprisingly not to sanction the network for failing to bleep out the word. Explaining its decision, the FCC noted that its guidelines define "indecency" as "material that describes or depicts sexual or excretory organs or activities" and Bono had used fucking as "an adjective or expletive to emphasize an exclamation."
(>
LER ARTIGO)


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Juno

Título original: Juno
De: Jason Reitman
Com: Ellen Page, Michael Cera, Jennifer Garner, Jason Bateman, Allison Janney, J.K. Simmons
Género: Comédia
CAN/EUA/HUN, 2007, Cores, 92 min.










"I am a sacred vessel; all you got in your stomach is Taco Bell."


Quem vai à espera de mais uma comédia teen, com os costumeiros moralismos, anti-moralismos e outros lugares comuns, desengane-se. Juno é de facto uma comédia hilarante que, a espaços, consegue ser comovente, mas sem nunca reslavar para o óbvio, para o riso fácil ou para a lamechice. Um argumento brilhante e desempenhos notáveis, não só da nomeada Ellen Page, mas de todo o restante elenco secundário. A banda sonora inspirada, apelativa, de uma singularidade entre o naif e o extravagante, em perfeita consonância com o universo disfuncionalmente funcional (é isso mesmo) retratado no filme.
Juno terá certamente um lugar entre as melhores comédias de sempre do cinema e Juno MacGuff pode vir a tornar-se uma personagem iconográfica alvo de inevitáveis cópias futuras.
Ellen Page tornou-se a minha preferida para ganhar o óscar de melhor atriz principal e acredito que a tal stripper de nome Diablo Cody
conseguirá, com esta sua primeira incursão, arrebatar o prémio de melhor argumento original.
O filme: refrescante, inteligente, coerente no seu universo, um prazer sem limites.

8/10.

Michael Clayton


Título original: Michael Clayton
De: Tony Gilroy
Com: George Clooney, Tilda Swinton, Sydney Pollack
Género: Drama, Thriller
EUA, 2007, Cores, 119 min.














"Do I look like I'm negotiating?"


Após o visionamento compreendem-se as sete nomeações para óscar.
Um filme aparentemente convencional, tanto no plano formal como temático, mas com um impacto inesperado resultante da solidez de todos os aspectos técnicos e do brilhantismo interpretativo, não só de George Clooney (talvez o melhor papel da sua carreira, uma lição de subtileza e contenção, na definição da personagem) mas também dos secundários Tom Wilkinson e, principalmente, Tilda Swinton.
Sem recurso a expedientes “pirotécnicos”, e uma aposta na densidade psicológica, são-nos oferecidas duas horas de excelente cinema coroadas com um final soberbo.
Não ficarei admirada se este filme vier a causar alguns "aaahs!!!" na noite do próximo Domingo.

8/10.


No Vale de Elah

Título original: In the Valley of Elah
De: Paul Haggis
Com: Tommy Lee Jones, Charlize Theron, Susan
Sarandon, Jonathan Tucker
Género: Drama
EUA, 2007, Cores, 121 min.














Um filme capaz de nos prender a atenção, durante as suas duas horas de duração, sem começarmos a sentir a incomodidade da cadeira.
A temática, por demais explorada, dos traumas e da inadaptação de ex-soldados americanos regressados de várias guerras (neste caso, a do Iraque), e das consequências que estas infligem nos seus intervenientes, é apresentada de uma forma eficaz e competente. Filme de tonalidade anti-belicista, defende-se dos clichés e lugares comuns, graças a um guião inteligente e uma direcção segura que garantem a integridade narrativa.
Evidencia-se o brilhantismo sóbrio da actuação de Tommy Lee Jones, reconhecida com uma nomeação para óscar (que penso não ter grandes hipóteses de vencer perante o “peso” da concorrência), mas, por outro lado, a definição das personagens secundárias afigura-se incipiente.
Mais do que respostas, o filme deixa-nos questões, mas deixa também a sensação de que, tal como facilmente se aprecia, facilmente se esquece.

5/10.








"- Do you know what it means when a flag flies upside down?

- No.
- It's an international distress signal. It means we're in a lot of trouble, so come save our ass... because we don't have a prayer in hell of saving ourselves."

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

What Movie Is My Love Life Like?


Your Love Life is Like Annie Hall



"A relationship, I think, is like a shark. You know? It has to constantly move forward or it dies."

You believe that love (if you even believe in love!) is a very complicated thing.

Maybe love is pain. Or maybe it's all a big therapy session. You're still figuring it out.

Your love style: Brainy and a bit neurotic

Your Hollywood Ending Will Be: Realistic and reflective


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Do conflito entre razão e emoção


Para que a vida humana não fosse totalmente triste e enfadonha, Júpiter concedeu-lhes muito mais paixões do que a razão, na proporção de um asse para meia onça. Além disso, relegou a razão para um canto estreito da cabeça, deixando todo o resto do corpo entregue ao domínio das paixões. Por fim, opôs à razão isolada a violência de dois tiranos: a Cólera, que domina a cidadela do peito, com a fonte da vida, que é o coração, e Concupisciência, cujo império se estende até ao baixo-ventre. Como conseguirá a razão defender-se destes dois inimigos, para mais reunidos? A vida comum dos homens mostra-o com bastante clareza. A razão apenas consegue gritar, até enrouquecer, as leis da honestidade. É rainha de quem os homens troçam e injuriam até que, cansada, se cala e se confessa vencida.


Erasmo de Roterdão (1466 - 1536) - Elogio da Loucura.
In: Daniel Goleman - A Inteligência Emocional.


cansada...


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

"Tropa de Elite"


Tropa de Elite, o controverso filme brasileiro de José Padilha, venceu o Urso de Ouro, prémio máximo do 58.º Festival Internacional de Cinema de Berlim. Foi a maior surpresa de uma noite que viu o júri internacional, presidido pelo realizador Costa-Gavras, devolver ao palmarés a tendência "interventiva" que se diluíra em 2007, com uma pequena ironia na ponta >>> Ler notícia completa.

Site Oficial.
Trailer.


Se a minha vida tivesse banda sonora I

Strange (Tori Amos)


Strange
thought I knew you well
thought I had read the sky
thought I had read a change
in your eyes
so strange
woke up to a world
that I am not a part
except when I can play
it's stranger

After all
what were you really
looking for
and I wonder
when will I learn
blue isn't red
everybody knows this
and I wonder
when will I learn
when will I learn
guess I was in deeper than
I thought I was
if I have enough love
for the both of us

"Just stay"
you say "we'll build a nest"
so I left my life
tried on your friends
tried on your opinions
so when
the bridges froze and you
did not come home
I put our snowflake under a microscope

After all
what was I really
looking for
and I wonder
when will I learn
maybe my wish
knew better than I did
and I wonder
when will I learn
when will I learn
guess I was in deeper than
thought I was
if I have enough love
for the both of us

So strange
now I'm finally in
the party has begun
it's not like I can't feel you still
but strange
what I will leave behind
you call me one more time
but now
I must be leaving


domingo, 17 de fevereiro de 2008

Clássico instantâneo


Haverá sangue

Título original: There Will Be Blood
De: Paul Thomas Anderson
Com: Daniel Day-Lewis, Martin Stringer, Kevin J. O'Connor
Género: Drama
EUA, 2007, Cores, 158 min










"I have a competition in me. I want no one else to succeed. I hate most people. (...) There are times when I look at people and I see nothing worth liking. I want to earn enough money that I can get away from everyone."


Um assombro de filme, que me deixa com a sensação que quaisquer palavras, considerações ou adjectivos que aqui pudesse deixar, soariam inevitavelmente banais, perante a grandeza e a ousadia de uma obra que, imediatamente, reconhecemos destinada a ser um clássico da sétima arte.

À falta de tempo e de capacidade de articular algo coerente e digno do objecto em análise, remeto para algumas apreciações críticas apresentadas no espaço Cinema2000.

Nomeado para
8 óscares, já arrecadou, até ao momento, mais de 30 prémios, atribuídos principalmente por associações de críticos. Não será, contudo, de estranhar se a Academia de Hollywood acabar por marginalizar esta obra, uma vez que a singularidade da sua estética aliada ao questionamento de alguns dos principais valores em que tem assentado a evolução da sociedade americana, podem afigurar-se algo excessivos para algumas mentalidades mais conservadoras.

No que me toca é, para já, o filme do ano e, muito possivelmente, será um dos filmes da década.

10/10.




Wishes are free, so...


"I Can See Clearly Now"

I can see clearly now the rain is gone
I can see all obstacles in my way
Gone are the dark clouds that had me down
It's gonna be a bright bright bright bright sun shiny day
It's gonna be a bright bright bright bright sun shiny day

Oh yes I can make it now the pain is gone
All of the bad feelings have disappeared
Here is that rainbow I've been praying for
It's gonna be a bright bright bright bright sun shiny day

Look all around there's nothing but blue skies
Look straight ahead there's nothing but blue skies

I can see clearly now the rain is gone
I can see all obstacles in my way
Here is that rainbow I've been praying for
It's gonna be a bright bright bright bright sun shiny day
It's gonna be a bright bright bright bright sun shiny day.

(Johnny Nash)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

How about a shave?


Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street



Título original: Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street
De: Tim Burton
Com: Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Sacha Baron Cohen
Género: Musical, Thriller
EUA/GB, 2007, Cores, 116 min.














"I can guarantee the closest shave you'll ever know"


Mestre das ambiências góticas, quem melhor do Tim Burton para transpor, do palco para a tela, a peça escrita por Stephen Sondheim e Hugh Wheeler? As imagens de um certo ambiente londrino do séc. XIX, e de um seu submundo escuro, nebuloso e com cheiro a esgoto, estão em perfeita consonância com o espírito atormentado e sedento de vingança de Sweeney Todd, a personalidade maléfica, pejada de inveja, do juíz Turpin e a ambição pouco escrupulosa de Mrs. Lovett. Em contraste, alguns fragmentos coloridos do passado feliz de Benjamin Barker, do despertar de um romance entre dois jovens (Anthony e Johanna) e o vermelho vivo do sangue que vemos jorrar de cada vítima.



Johnny Depp e Helena Bonham Carter estão perfeitos nas suas personagens: um Sweeney Todd impiedosamente vingativo e uma Mrs. Lovett movida pela ambição e pelo desejo (um aparte para dizer que Bonham Carter, com o seu desempenho e a forma como se apropria da sua personagem, nada fica a dever ao nomeado Johnny Depp). Sasha Baron Cohen, encontra aqui um papel que lhe assenta na perfeição: a personagem burlesca de Adolfo Pirelli, cuja comicidade permite aliviar a espaços a carga dramática da história.


No entanto fica o sabor de uma meia decepção, o sentimento de que Burton não explorou ao extremo as potencialidades que o material narrativo encerra. De Tim Burton esperava-se uma encenação mais hiperbólica de toda a tragédia, dos sentimentos individuais e do próprio espaço. Se foi uma opção pela contenção, ou uma aposta em jogar pelo seguro, não o saberemos, mas eu, pessoalmente, gostaria de ter visto o arrojo, a irreverência e o radicalismo que a obra de base obviamente permite e que Burton teria toda a capacidade executar.


Apesar das limitações (Tim Burton habituou-nos a ser exigentes), é obviamente um filme obrigatório.

7/10.



À sombra da bananeira



Yellow bird
Up high in banana tree
Yellow bird
You sit all alone like me
...
But you can fly away
In the sky away
You're more lucky than me
...
Fly in the sky away
Picker coming soon
Picking from night to noon
Black and yellow you
Like banana too
He might pick you someday

Wish that
I was a yellow bird,
I'd fly away with you,
But I am not a yellow bird,
So here I sit,
Nothing else to do.