quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Do conflito entre razão e emoção


Para que a vida humana não fosse totalmente triste e enfadonha, Júpiter concedeu-lhes muito mais paixões do que a razão, na proporção de um asse para meia onça. Além disso, relegou a razão para um canto estreito da cabeça, deixando todo o resto do corpo entregue ao domínio das paixões. Por fim, opôs à razão isolada a violência de dois tiranos: a Cólera, que domina a cidadela do peito, com a fonte da vida, que é o coração, e Concupisciência, cujo império se estende até ao baixo-ventre. Como conseguirá a razão defender-se destes dois inimigos, para mais reunidos? A vida comum dos homens mostra-o com bastante clareza. A razão apenas consegue gritar, até enrouquecer, as leis da honestidade. É rainha de quem os homens troçam e injuriam até que, cansada, se cala e se confessa vencida.


Erasmo de Roterdão (1466 - 1536) - Elogio da Loucura.
In: Daniel Goleman - A Inteligência Emocional.


cansada...


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