quarta-feira, 16 de abril de 2008

I'm Not There


... porque como disse Rimbaud: "Je est un autre".
(declaração mencionada na autobiografia de Dylan "Chronicles")



E é dos vários "outros" que o filme nos fala...

I accept chaos. I don't know whether it accepts me.


A fragmentação da personalidade de um dos artistas mais complexos de sempre. Simultaneamente a perpetuação do mito.

Não se tratando de um biopic (pelo menos de um biopic convencional), algumas das referências escaparão aos mais desconhecedores do universo Dylan, criando alguns vazios ou deixando alguns pontos de interrogação. Para os outros, o filme são 135 minutos de cumplicidade.

Do ponto de vista cinematográfico, é com inspiração que Todd Haynes integra o homem e mito, o real e o surreal, não deixando ninguém indiferente ao fascínio do multifacetismo daquele que é, desde há muito, um ícone maior da história da música popular.

No que toca às interpretações, muito se falou de Cate Blanchett, mas todo o elenco é brilhante. Christian Bale e o jovem Marcus Carl Franklin merecem destaque.

"I'm Not There" nunca será um filme de massas, e pode até nem ser uma obra prima. Para mim, sei que será um filme a rever ao longo dos anos e a guardar naquele espaço destinado aos que, por qualquer que seja o motivo, têm um significado muito especial.

8/10.


2 comentários:

Anónimo disse...

Não me entusiasmou.
Confuso e muito longo, chega a ser algo secante. Pareceu-me que foi dado grande ênfase à vida e à personalidade do cantor/compositor em detrimento da vertente musical que surge muito secundarizada.

As tais referências são muito pouco ou nada óbvias, o que torna o filme elistista, visando um público alvo que se restringe excessivamente aos fãs ou bons conhecedores de Bob Dylan.

cump's.

Alice disse...

Já foram feitos alguns filmes e documentários que abordam a obra musical de Dylan, nomeadamente os de Martin Scorcese. Esta foi a abordagem que faltava e parece-me que foi preciso alguma coragem e um certo golpe de asa para conseguir aquele produto final.

É verdade que para os desconhecedores da figura de Dylan muitas referências podem passar ao lado, mas penso que nos podemos abstrair que o filme trata de uma personagem real. Há ali cinema suficiente para nos fazer imaginar uma personagem ficcional, até porque o próprio Dylan não é bem "deste mundo".

Relativamente à representação, os actores compreenderam muito bem a faceta que lhes coube. Claro que o destaque vai Cate Blanchett, a quem coube dar rosto à faceta artística de Dylan toda ela hiperbólica.

Na minha opinião é um filme obrigatório, quanto mais não seja para se reservar ao direito de não gostar.